Pés no Terreno – Sotavento Algarvio

2016 terminou com reuniões com as associações representativas do sector das pescas do sotavento Algarvio.
Os dirigentes e trabalhadores desta cooperativa de utentes de seguros tiveram o enorme prazer de serem recebidos por três organizações da pesca, a saber: OlhãoPesca (Olhão); APTAV (Tavira) e QuarPesca (Quarteira).

Mais uma jornada de trabalho, onde a riqueza dos contributos identificados e proferidos pelos dirigentes associativos foi imensa: as dificuldades sentidas pelos nossos pescadores face ao lesivo acordo transfronteiriço; a ocupação do espaço marítimo por atividades emergentes que não têm o mesmo peso económico, cultural e social que a pesca tem. A perceção, por parte destas organizações, do fraco peso “político” que a pesca representa; a degradação dos portos de Olhão e Quarteira para além das condições incomportáveis da barra de Tavira, que se encontra extremamente assoreada o que impede, durante longos períodos, que os pescadores se façam ao mar. Preocupações ambientais face à Ria Formosa (tratamento de resíduos, pressão do turismo), onde milhares de pessoas tiram o seu sustento por múltiplas formas, foi outra das preocupações apresentadas pelos dirigentes.

No sul algarvio, este ano foi extremamente fraco para a pesca da sardinha o que coloca em grandes dificuldades várias famílias e empresas ligadas a este subsector da pesca. As organizações propõem que se possa trabalhar o ano inteiro, com os devidos 45 dias de defeso, com regras de captura para que a exploração se faça de forma equilibrada. “Os pescadores são, de facto, os principais interessados em encontrar soluções para os seus próprios problemas” – referem os dirigentes.

O sistema de fiscalização por “pontos”, tal como já acontece relativamente aos condutores rodoviários, é outras das questões que está a gerar muita apreensão no sector.

A criação da figura do “ trabalhador designado” para identificação de zonas e locais de risco a bordo, proposto pela ACT, também foi uma questão amplamente debatida nas reuniões. Nestes casos os trabalhadores que terão a cargo esta tarefa, irão ter 50h de formação.

A ausência de investimento na investigação científica de apoio ao sector, foi outras das preocupações apontadas.

«Temos o melhor peixe do mundo, mas querem dar cabo disso» – apontava um dirigente associativo quando se abordava a desmesurada aposta na aquacultura ventilada pelos governos nacionais e por Bruxelas. «Bem vistas as coisas, somos praticamente autossuficientes em termos de pescado. Se nos deixassem pescar aquilo que sabemos que temos, se aproveitássemos o que o mercado não quer comercializar, não precisaríamos de importar praticamente nada…» – proferia o mesmo dirigente.

As organizações foram unânimes em reconhecer o papel da Mútua dos Pescadores no sector marítimo, com especial enfoque nas pescas nacionais. Por sua vez, os dirigentes desta Cooperativa, assumiram que tudo farão para dar visibilidades às preocupações apresentadas, designadamente, em sede da Comissão Permanente de Acompanhamento à Segurança dos Homens no Mar, factos que já vieram a ser apontados na última sessão desta comissão, no dia 15 de dezembro.

 

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